Carcere-Fábrica-Casa
uma análise das oportunidades de trabalho de mulheres presas no Distrito Federal nos marcos de gênero, raça e classe.
DOI:
https://doi.org/10.1234/rbep.v1i1.109Palavras-chave:
Trabalho, Mulheres encarceradas, Divisão sexual e racial do trabalho capitalistaResumo
A relação cárcere-fabrica foi tratada pela criminologia crítica como uma das chaves para a explicação do funcionamento do Sistema Penal e seletividade. Ocorre, contudo, que já se tornou comum realizar a critica sobre como as criminologias críticas, ao centrarem seus estudos na classe como categoria de análise dos processos de criminalização pouco disseram sobre como gênero e raça sustentam esses processos, ou mais especificamente, não utilizaram essas categorias como também possuindo centralidade. Este artigo, a partir de pesquisa realizada juntos aos órgãos responsáveis pela Execução Penal no Distrito Federal, em especial pelo trabalho prisional, busca apresentar quais são as oportunidades de trabalho oferecidas as mulheres encarceradas. O objetivo é buscar analisar se tais oportunidades, ao configurarem interpretação do art. 19, paragrafo único da LEP, contribui para uma outra forma de ver o funcionamento do sistema: a relação cárcere-fabrica-casa. Explicando: considerando que a Lei de Execução Penal indica que o trabalho deve ser adequado a condição da mulher presa, além de realizarmos a crítica a essa concepção, como criadora de gênero, nos perguntamos se ela e as práticas nela baseadas, ao interpretarem essa adequação e fornecerem especialmente oportunidades de trabalho voltadas ao serviço reprodutivo podem colaborar a explicar como a “casa” faz parte desta estrutura social.
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