Monitoração eletrônica no Brasil e estigmatização de viés racial

Auteurs

  • Danilo Tosetto UNIFESP/Mestrando USP/Gestão de Políticas Públicas

Mots-clés :

“Políticas Penais Monitoração Eletrônica” “Estigmatização” “Racismo”

Résumé

A ideologia da democracia racial, que implica no processo de identificação dos sinais de inclusão e exclusão social, muitas vezes distorcida pelo pacto narcísico da branquitude, dificulta que a população perceba as relações racistas de controle e dominação. Neste contexto, o objetivo deste artigo é esclarecer que o uso de tornozeleiras eletrônicas remonta ao uso de grilhões de controle de mobilidade durante o período escravocrata brasileiro. Para isso, metodologicamente, o artigo recorreu à consulta de produções acadêmicas e bibliografias sobre o tema. Como resultado, a pesquisa conclui que a referida prática, o uso das tornozeleiras eletrônicas, mesmo com outras metodologias disponíveis, está alinhada com o racismo estrutural que estigmatiza, desumaniza e degrada uma grande parcela da população brasileira.

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Biographie de l'auteur

Danilo Tosetto, UNIFESP/Mestrando USP/Gestão de Políticas Públicas

Graduação em Direito. Graduando em Gestão de Políticas Públicas. Mestrando em Educação. Pesquisador vinculado ao grupo de pesquisa Crítica do Direito e Subjetividade Jurídica da Universidade de São Paulo. Servidor, policial penal da Secretaria de Administração Penitenciária de São Paulo. E-MAIL: dddanilotosetto@usp.br. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-4599-3072.

Références

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Fichiers supplémentaires

Publiée

2024-08-28

Comment citer

Tosetto, D. (2024). Monitoração eletrônica no Brasil e estigmatização de viés racial: . Journal Brésilien Des Exécutions Pénales, 5(1), 131–143. Consulté à l’adresse https://rbepdepen.depen.gov.br/index.php/RBEP/article/view/875